II domingo da Quaresma
A oração é comunicação de Deus com Jesus com a mediação da “conversação” de Moisés e Elias. A sucessão “Moisés e Elias” espelha a expressão “Moisés e os Profetas” que em Lucas indica a Escritura, a Torah e os Profetas (cf. Lc 16,29.31; 24,27). Ou seja, a oração de Jesus aparece como escuta da Palavra de Deus através das Escrituras, mas uma escuta que se torna conversação com aquele que vive em Deus, uma verdadeira experiência de comunhão de santos. A Palavra de Deus, que é luz no caminho do homem, transmite luz e ilumina quem a escuta (cf. Lc 9,29). De resto, “escutar” significa fazer habitar o outro em nós, fazer-se morada para o outro.
Na oração Jesus confirma o seu próprio caminho, agora orientado para a paixão, morte e ressurreição (cf. Lc 9,22), e reconhece-o na continuidade da história da salvação conduzida por Deus com o seu povo: com efeito, Moisés e Elias falavam com Ele sobre o seu "êxodo" (Lc 9,31 literalmente) que iria acontecer em Jerusalém. Não é por acaso que, pouco depois, se especifica que Jesus se dirigiu resolutamente para Jerusalém (cf. Lc 9,51). A oração ilumina e orienta as decisões existenciais. A escuta da Palavra de Deus e a oração, enquanto confirmam Jesus como Filho em relação com o Pai, dão força para enfrentar a hostilidade dos homens. A sua solidão (“Jesus ficou só”: Lc 9,36) é sinal da segurança daquele que vive em comunhão com o Pai.