II domingo de Advento
Para todos os crentes, a conversão é difícil, mas, para alguns, era quase impossível: para aqueles que se consideravam justos e preparados, na sua relação com Deus. Eis senão quando, Fariseus e Saduceus, ferrenhos adeptos de um movimento que seguia à risca a Lei e os sacerdotes, vão, também eles ter com João para serem imersos. É um rito de purificação e eles estão prontos a celebrá-lo. Mas o Batista desmascara-os: “Raça de víboras, quem vos ensinou a fugir da cólera que está para vir?”. Mas agora, na verdade, não conseguireis com um rito a transformar-vos em justos. Devereis, ao contrário, mostrar que vos haveis convertido, que haveis mudado de vida e assumido um comportamento que corresponda a um regresso, autêntico, a Deus.
O ralhete de João Batista é duro, vai direto às certezas daqueles que pensam que são os justos e que os outros é que são os pecadores, àqueles que se orgulham de ser os filhos de Abraão, de pertencerem ao povo dos crentes. Porém, Deus pode suscitar filhos de Abraão até das pedras. João anuncia o juízo eminente: "O machado já está posto à raiz das árvores e toda a árvore que não dá bom fruto é cortada e lançada no fogo".
O batismo dado por João tem em vista a conversão, mas é acompanhado por um anúncio. Por detrás de João, está um seu discípulo que é maior do que ele e que aparecerá brevemente e que emergirá no Espírito Santo e no fogo. A sua vinda será o juízo e este será sempre crítico: separará a palha do trigo, para fins distintos. Cada ser humano contribuirá para o seu próprio juízo através da escolha que faz, quotidianamente, entre o caminho do bem, da vida e o caminho do mal, da morte. Bem e mal são irredutíveis um ao outro: quem não reconhece o mal de que é responsável não só é cego, como também escolhe renovar a sua opção pelo mal, sem conhecer sequer o esforço da confissão dos pecados e do voltar-se para o Senhor.
Ir. Enzo Bianchi, Prior de Bose
- 1
- 2