1 de janeiro Oitava de Natal
Decorridos oito dias sobre o nascimento, José deve cumprir a Lei, envolvendo o seu filho varão na aliança estabelecida entre Deus e Abraão através da circuncisão (cf. Gen 17,1-14). Assim, através daquela incisão na carne, Jesus é constituído filho de Abraão, hebreu para sempre. A circuncisão, se, por um lado, faz de Jesus membro do povo santo, do povo da aliança, das promessas e das bênçãos (cf. Rm 9,4-5), por outro lado assinala a simples, mas realíssima, humanidade d'Aquele Filho de Deus, Messias, Salvador e Senhor.
Deus quis assim, porque a Encarnação da Sua palavra, do Seu filho não era ficção, não era uma Teofania, mas era verdadeiramente a Sua redução à nossa condição carnal e mortal, num povo específico, que descende de Abraão, nascido de uma mulher (cf. Gal 4,4), como cada filho nasce de uma mãe.
Com a circuncisão, o menino recebe o Nome de Jeshu‘a, Jesus, que significa “o Senhor salva”: é o nome que o anjo dera (cf. Lc 1,31), logo, um Nome dado por Deus, Nome que diz muito sobre a vocação e a missão deste recém-nascido que só Deus nos podia dar. Maria e José mais uma vez obedecem escrupulosamente, reconhecendo que Aquele filho não lhes pertence, mas pertence a Deus que o quis e que o fez nascer no meio de nós para que fosse o Emanuel, o Deus-connosco (cf. Mt 1,23; Is 7,14), o Senhor e Salvador.
Hoje é também o início do ano, segundo o calendário da sociedade em que vivemos. Celebrar o primeiro de janeiro, a festa em que se proclama que Jesus nasceu de uma mulher, que pertence ao povo de Israel e que tem no próprio Nome a missão de levar a salvação a toda a humanidade, diz-nos a todos que Jesus viveu mostrando-nos como podemos "salvar" a nossa vida, dia após dia.
Ir. Enzo Bianchi, Prior de Bose
- 1
- 2