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XXVIII Domingo do Tempo Comum

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Miniatura, XI sec.
Gesù insegna nel tempio
9 Outubro 2011
Reflexões sobre as leituras
de
LUCIANO MANICARDI
Um dos inimigos mais insidiosos e difusos da fé, mais temível até do que o ateísmo e a oposição aberta, é a indiferença. (...) A indiferença coloca o crente numa crise profunda porque diz da insignificância e da irrelevância da vida de fé.

Domingo 9 Outubro 2011

Ano A
Is 25,6-10a; Sal 22; Fil 4,12-14.19-20; Mt 22,1-14

A perspectiva escatológica atravessa a primeira leitura e o Evangelho: Isaías antevê o fim da morte e Mateus o juízo final (sobretudo em Mt 22,13).

As imagens utilizadas para evocar o acontecimento final, o Reino, a acção com que Deus põe fim à história cumprindo a história, são humanas, humaníssimas: banquete e núpcias. A realidade mais divina é expressa com as imagens mais humanas: convívio e casamento, alimento e eros. São imagens que nos corações dos homens correspondem a uma relação, a um encontro, ao amor, à celebração da vida em torno de uma mesa e no abraço nupcial. A vida espiritual cristã realiza-se não com o distanciamento do humano, quase como se fosse esse o caminho para nos tornarmos mais espirituais, mas com o fazer aquilo que Deus fez: tornarmo-nos humanos, assumir a própria humanidade como trabalho a fazer. 

A imagem profética do Deus que distribui um banquete por todos os povos, preparando alimentos suculentos e carnes gordas remete-nos para o Amor de Deus pela humanidade. Dar de comer a qualquer um significa amá-lo, significa dizer-lhe: "Eu quero que tu vivas", Eu não quero que tu morras". Mas se este dar de comer faz-nos viver mas não nos liberta da morte, Isaías acrescenta que Deus "eliminará a morte", antes, literalmente "devorará a morte", "aniquilará a morte" (Is 25,8). O Deus que dá de comer para todos os povos cumpre uma promessa de vida para toda a humanidade, vida que será "para sempre" (Is 25,8). O banquete preparado pelo Deus que devora a morte, um banquete em que comer é também uma libertação da morte, é simbolo de uma realidade diferente da terrena, uma realidade em que é Deus quem reina e não o homem. Desta realidade é expressão e prenúncio a Eucaristia. 

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