II Domingo de Páscoa
A vida comunitária é, em si mesma, lugar de experiência Pascal. Tomé, ausente na primeira manifestação de Cristo (Jo 20,19-23) e presente na segunda (Jo 20,26-28), não tem necessidade de pôr a sua mão nas feridas de Jesus para ultrapasssar a sua incredulidade (Jo 20,24-25): o próprio fato de estar com os outros, em comunidade, altera a situação. Em Comunidade experimenta-se a Ressurreição que faz cumprir a passagem do "Eu" ao "Nós", num movimento que declina o "Eu", para fazer viver com e para os outros, de tal forma que os pecados de cada um são conhecidos, acolhidos e não julgados pelos outros. Tomé, que não acreditou no anúncio que o seus irmãos fizeram, foi acolhido – como incrédulo – no grupo dos discípulos reunidos, oito dias depois.
Se a comunidade é o lugar sacramental da presença do Ressuscitado, o mesmo acontece para as Escrituras. O crente encontra o corpo do Ressuscitado no corpo comunitário, no corpo das Escrituras e obviamente no corpo Eucarístico: o Evangelho, definido como "sinais escritos", é capaz de suscitar a fé que conduz à salvação, isto é, à comunhão de vida com o Senhor. É sacramento do poder de Deus (“o Evangelho é poder de Deus para a salvação de todo o crente,..."Rm 1,16); é poder revelado com a Ressurreição da morte de Jesus e que se manifesta, sempre renovado, na remissão dos pecados em nome de Jesus.
Comunidade e Escritura são também o que concretiza a ação do espírito - grande dom do Ressuscitado aos seus - ao mesmo tempo que são insufladas de vida. Comunidade e Escrituras interagem com o Espírito criando uma perichoresis, uma circulação, que é explicada com a Liturgia: nela o Espírito vivifica o grupo humano, tornando-o corpo de Cristo e ressuscita as páginas antigas das Escrituras tornando-as palavras vivas e atuais de Deus para com o seu povo.
LUCIANO MANICARDI
Comundade de Bose
Eucaristia e Parola
Textos para as Celebrações Eucarísticas - Ano B
© 2010 Vita e Pensiero
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