1º de janeiro Oitava do Natal
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Reflexões sobre o Evangelho
de ENZO BIANCHI
Jesus nasceu de uma mulher, pertence ao povo de Israel: viveu mostrando-nos como podemos "salvar" a nossa vida, dia após dia.
1 janeiro 2014
de ENZO BIANCHI
Luca 2,16-21
No oitavo dia depois do Natal, a Igreja retoma a leitura do nascimento de Jesus, ocorrido em Belém, de acordo com o Evangelho de Lucas.
Depois do anúncio do anjo aos pastores (cf. Lc 2,8-14), eis que estes, obedientes, partem para Belém e encontram Maria, a mãe, José e o menino recém nascido envolto em panos na manjedoura. Tudo corresponde ao anúncio que escutaram e as palavras do mensageiro celeste relativas ao menino são uma revelação divina que será a fé de todos os cristãos: Salvador, Cristo, Senhor, eis a verdadeira identidade daquele que nasceu (cf. Lc 2,11).
Os pastores não contemplam nada de extraordinário, nenhum deslumbre, mas aquela realidade humaníssima que têm diante dos olhos não contradiz as palavras que escutaram do anjo; na realidade, com simplicidade, contam o que lhes tinha sido anunciado, suscitando admiração em todos. A evangelização cristã tem o seu início naquele dia e é feita por pastores pobres, à margem da sociedade e tidos como indignos de uma vida religiosa de acordo com o culto oficial.
A mãe de Jesus, por outro lado, ouvindo as palavras dos pastores, guarda-as e medita sobre elas no seu coração, relacionando-as com as palavras que escutara do anjo (cf. Lc 1,26-38) e com os acontecimentos que as sucederam: a gravidez, o início de vida com José, o nascimento daquele filho que vinha, apenas, de Deus. Também neste caso, Maria toma consciência da sua relação com aquele filho, porque outros, Isabel, José, agora os pastores, a narram e a confirmam. E assim a boa-nova, a grande alegria (cf. Lc 2,10) espalha-se, faz o seu caminho naquela região da Judeia.
Decorridos oito dias sobre o nascimento, José deve cumprir a Lei, envolvendo o seu filho varão na aliança estabelecida entre Deus e Abraão através da circuncisão (cf. Gen 17,1-14). Assim, através daquela incisão na carne, Jesus é constituído filho de Abraão, hebreu para sempre. A circuncisão, se, por um lado, faz de Jesus membro do povo santo, do povo da aliança, das promessas e das bênçãos (cf. Rm 9,4-5), por outro lado assinala a simples, mas realíssima, humanidade d'Aquele Filho de Deus, Messias, Salvador e Senhor.
Deus quis assim, porque a Encarnação da Sua palavra, do Seu filho não era ficção, não era uma Teofania, mas era verdadeiramente a Sua redução à nossa condição carnal e mortal, num povo específico, que descende de Abraão, nascido de uma mulher (cf. Gal 4,4), como cada filho nasce de uma mãe.
Com a circuncisão, o menino recebe o Nome de Jeshu‘a, Jesus, que significa “o Senhor salva”: é o nome que o anjo dera (cf. Lc 1,31), logo, um Nome dado por Deus, Nome que diz muito sobre a vocação e a missão deste recém-nascido que só Deus nos podia dar. Maria e José mais uma vez obedecem escrupulosamente, reconhecendo que Aquele filho não lhes pertence, mas pertence a Deus que o quis e que o fez nascer no meio de nós para que fosse o Emanuel, o Deus-connosco (cf. Mt 1,23; Is 7,14), o Senhor e Salvador.
Hoje é também o início do ano, segundo o calendário da sociedade em que vivemos. Celebrar o primeiro de janeiro, a festa em que se proclama que Jesus nasceu de uma mulher, que pertence ao povo de Israel e que tem no próprio Nome a missão de levar a salvação a toda a humanidade, diz-nos a todos que Jesus viveu mostrando-nos como podemos "salvar" a nossa vida, dia após dia.
Ir. Enzo Bianchi, Prior de Bose