Batismo do Senhor
Nesta imersão, Jesus, que não tem necessidade de batismo para remissão de pecados, sendo Ele sem-pecado (cf. 2Cor 5,21; Heb 4,15), coloca-se entre os pecadores, como acontecerá também na sua morte na cruz, entre os dois malfeitores (cf. Mt 27,38; Mc 15,27). Eis porque digo que Jesus é “o Messias ao contrário”, porque contradiz a imaginação humana, a lógica que quer que a vinda de Deus aconteça no esplendor, na glória, no poder.
João que, por revelação e apenas pela fé, conhece a verdadeira identidade de Jesus, recusa-se a emergi-Lo nas águas do jordão. Pelo contrário, em Mateus confessa: “Eu é que tenho necessidade de ser batizado por ti, e Tu vens a mim?”. Mas depois obedece silenciosamente às palavras de Jesus que lhe recorda a obediência que entre ambos deve haver para com a missão recebida: ambos devem “cumprir a justiça”, isto é, corresponder pontualmente à vontade de Deus. João, o último profeta do Antigo Testamento e o primeiro do Novo, deixa a decisão a Jesus: ele sabe que deve preparar tudo para que a vontade de Deus, expressa com autoridade por Jesus, se cumpra.
Jesus é então imerso por João no jordão e, enquanto sai da água - cumprindo aquele momento pascal de morte, afogamento, deposição dos pecados e ressurreição para uma vida nova, profecia da sua paixão-Páscoa - depois de se ter identificado com a humanidade pecadora - eis que se junta a Ele, naquele específico momento, a palavra definita de Deus. Abrem-se os céus, isto é, acontece uma comunicação entre o mundo celeste e o mundo terrestre, entre Deus e a Terra; o Espírito Santo desce, suavemente, sobre Ele, sob a forma de uma pomba; e uma voz proclama: “Este é o meu Filho muito amado, no qual pus o meu encanto”.