1 janeiro oitava de Natal
There was a problem loading image 'images/preghiera/vangelo/15_01_01_bassano_adorazione_magi.jpg'
There was a problem loading image 'images/preghiera/vangelo/15_01_01_bassano_adorazione_magi.jpg'
1 janeiro 2015
Reflexão sobre o Evangelho por ENZO BIANCHI
Lucas 2,16-21
Naquele tempo,
os pastores dirigiram-se apressadamente para Belém
e encontraram Maria, José
e o Menino deitado na manjedoura.
Quando O viram, começaram a contar
o que lhes tinham anunciado sobre aquele Menino.
E todos os que ouviam
admiravam-se do que os pastores diziam.
Maria conservava todas estas palavras,
meditando-as em seu coração.
Os pastores regressaram, glorificando e louvando a Deus por tudo o que tinham ouvido e visto,
como lhes tinha sido anunciado.
Quando se completaram os oito dias
para o Menino ser circuncidado, deram-Lhe o nome de Jesus, indicado pelo Anjo, antes de ter sido concebido no seio materno.
"Quando se completaram os oito dias para o Menino ser circuncidado, deram-Lhe o nome de Jesus, indicado pelo Anjo, antes de ter sido concebido no seio materno". Neste breve versículo que constitui a conclusão e o cume do trecho evangélico hodierno, estão os três fundamentos da festa que assinala também o início do ano civil no Ocidente. Procuremos pois penetrar na contemplação deste triplo mistério.
Jesus nasceu em Belém (cf. Lc 2,4.15), mas podemos dizer que oito dias depois canta-se a sua identidade e, por isso, a sua pertença. Como estava prescrito na Lei, Jesus é circunciso para entrar na "Santa Aliança" realizada entre Deus e Abraão (cf. Gen 17,10-11). Na carne de Jesus aquela marca, que ficará para sempre, indica que é filho de Abraão, em aliança definitiva e perene com o seu Deus: aquele sinal inciso no corpo de Jesus diz-nos que é Hebreu e Hebreu para sempre. Lucas recorda este acontecimento porque ele é decisivo para a identidade e pertença de Jesus. A circuncisão é um sinal da promessa feita aos Pais (do cristianismo) e que agora se cumpre (cf. Lc 1,72-73), ainda que seja transcendido pela Nova Aliança, para a qual é necessária uma circuncisão que não seja realizada pelas mãos do homem (cf. Col 2,11), mas uma circuncisão do coração pedida há muito pelos Profetas (cf. Jer 4,4)…
Mas a circuncisão é também o momento em que é dado o nome às crianças e assim acontece com Jesus: José e Maria chamam-no Jeshu‘a. Na verdade, este nome – que evoca o impronunciável nome de Deus, JHWH – é dado pelo próprio Deus (cf. Lc 1,31), e não pelos homens: Jesus é uma criança que nasce por vontade e ação de Deus e, portanto o nome diz respeito a Deus. Jeshu‘a é invocação de salvação – «Senhor, salva!» – mas é também ação de salvação – «o Senhor salva». Este nome, que encerra em si a vocação pessoalíssima e única confiada por Deus a Jesus, habilitará o próprio Jesus a ser chamado, pela comunidade cristã que n'Ele crê, «Filho de Deus e Senhor» (cf. Lc 1,32-33). É este o Nome santo em que os homens serão salvos, o Nome através do qual serão operados sinais, o Nome graças ao qual o Reino de Deus se espalhará e Satanás retrocederá. E toda a história cristã narra a força, a santidade e a graça deste Nome quando é invocado com todo o coração na alegria e na tristeza, no início da vida ou nas vésperas da morte…
Enfim, Jesus "nasceu de uma mulher" (Gal 4,4), e essa mulher é Maria, a virgem de Nazaré olhada por Deus com um amor de predileção (cf. Lc 1,48). É por obra do Espírito Santo que Maria fica grávida (cf. Lc 1,35), é por vontade de Deus que deu à luz Aquele que apenas Deus podia dar à humanidade. O Altíssimo fez-se Baixíssimo, o Infinito fez-se finito, o eterno fez-se temporal, o forte fez-se fraco, e tudo isto no ventre de Maria. Sim, o Espírito Santo apoderou-se com o seu poder do ventre de Maria e fê-la a Mãe do próprio Senhor: Jesus será reconhecido como o Filho de Maria e o Filho de Deus. Assim, o bendito fruto do ventre desta mulher é a bênção de Deus prometida a Abraão e agora feita carne em Jesus, feita homem para que todos sejam abençoados no seu Nome. De facto, em Maria, "O campo dá os seus frutos. Deus, o nosso Deus, nos abençoa" (Sal 67,7).
No início do ano civil, esta festa dá-nos uma mensagem muito significativa: a bênção de Deus à Humanidade - isto é, Jesus, nascido de Maria, símbolo de toda a Humanidade - está connosco em cada dia da nossa vida, é bênção de núpcias entre Deus e a humanidade por Ele amada.