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Acreditar na Palavra do Senhor

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Daniel Bonnel, La strada per Emmaus, 2003, Il Cairo.
Daniel Bonnel, La strada per Emmaus, 2003, Il Cairo.
III domingo de Páscoa, ano B, 19 abril 2015
Lc 24,35-48
Reflexão sobre o Evangelho por Enzo Bianchi

 

 

Naquele tempo, os discípulos de Emaús
contaram o que tinha acontecido no caminho
e como tinham reconhecido Jesus ao partir do pão.

Enquanto diziam isto, Jesus apresentou-Se no meio deles e disse-lhes: «A paz esteja convosco».
Espantados e cheios de medo, julgavam ver um espírito. Disse-lhes Jesus: «Porque estais perturbados e porque se levantam esses pensamentos nos vossos corações? Vede as minhas mãos e os meus pés: sou Eu mesmo; tocai-Me e vede: um espírito não tem carne nem ossos, como vedes que Eu tenho». Dito isto, mostrou-lhes as mãos e os pés. E como eles, na sua alegria e admiração, não queriam ainda acreditar, perguntou-lhes: «Tendes aí alguma coisa para comer?»

Deram-Lhe uma posta de peixe assado, que Ele tomou e começou a comer diante deles. Depois disse-lhes:
«Foram estas as palavras que vos dirigi, quando ainda estava convosco: 'Tem de se cumprir tudo o que está escrito a meu respeito na Lei de Moisés, nos Profetas e nos Salmos'».
Abriu-lhes então o entendimento para compreenderem as Escrituras e disse-lhes:
«Assim está escrito que o Messias havia de sofrer e de ressuscitar dos mortos ao terceiro dia, e que havia de ser pregado em seu nome o arrependimento e o perdão dos pecados a todas as nações, começando por Jerusalém. Vós sois as testemunhas de todas estas coisas».

O Evangelho deste domingo fala-nos de um outro acontecimento depois da visita das mulheres, ao nascer do dia, ao túmulo vazio (cf. Lc 24,1-11), da corrida de Pedro ao sepulcro (cf. Lc 24,12), a manifestação do Ressuscitado “como um estrangeiro” (Lc 24,18) a dois discípulos no caminho de Emaús (cf. Lc 24,13-35).

Sempre no mesmo dia, “o primeiro da semana” (Lc 24,1), o único dia da ressurreição, mas à tarde, os dois discípulos de regresso a Jerusalém estão na sala de cima (cf. Lc 22,12; Mc 14,15), a contar aos onze e aos outros “como reconheceram Jesus no partir do pão” (cf. Lc 24,25). E eis que, inesperadamente, dão-se conta que Jesus está no meio deles e faz-se ouvir: “A paz esteja convosco!”. Não lhes dirige palavras de censura por terem fugido quando foi preso, não repreende Pedro pelas negações, não diz nada pelo facto de não serem mais os Doze como no princípio quando os chamou e constituiu a comunidade (cf. Lc 6,13; 9,1), mas apenas onze porque o traidor fugiu. Não! Diz-lhes apenas: “Shalom ‘aleikhem! A Paz esteja convosco!”, saudação habitual para os Judeus, mas que aqui ressoa com uma força particular: “A Paz esteja convosco! Não tenhais medo!”.

A Ressurreição transformou radicalmente Jesus, transfigurou-O porque Ele “entrou na sua Glória” (cf. Lc 24,26), e só pode ser reconhecido pelos discípulos através de um ato de fé. Este ato é difícil e exigente: os onze lutam para o viver e o pôr em prática...não é por acaso que Lucas regista que os discípulos “aborrecidos e cheios de medo, acreditam que estão a ver um espírito”. Então Jesus interroga-os: «Porque estais perturbados e porque se levantam esses pensamentos nos vossos corações? Vede as minhas mãos e os meus pés: sou Eu mesmo; tocai-Me e vede: um espírito não tem carne nem ossos, como vedes que Eu tenho». Ao dizer isto mostra-lhes as mãos e os pés com as marcas da crucificação. Sim, o Ressuscitado não é outro senão Aquele que foi crucificado!

No entanto, não obstante estas palavras e aquele gesto, os discípulos não conseguem acreditar. Apesar de se emocionarem com a alegria que sentem não atingem a fé. É verdade, nós humanos acomodamo-nos facilmente à religião mas dificilmente chegamos à fé; vivemos facilmente emoções "sacras" ou religiosas mas dificilmente aderimos a Jesus Cristo e à sua Palavra. Mas o Ressuscitado é paciente e por isso oferece à sua comunidade uma segunda Palavra e um segundo gesto. Pede-lhes qualquer coisa para comer e eles oferecem-lhe uma posta de peixe assado, a refeição que habitualmente comiam quando viviam juntos a aventura da vida comum na Galileia. Ele recebe-a e come diante deles. Somos surpreendidos com estes gestos de Jesus mas atenção: são apenas "sinais" para dizer que a ressurreição de Jesus não é a imortalidade da alma e a perda total do corpo, não é a "continuação da sua causa" ainda que ele esteja morto, não é uma memória que se conserva sem que Aquele que é morto esteja vivo. Jesus dá aos discípulos estes sinais que na verdade contêm verdades indizíveis para que creiam que o crucificado venceu realmente a morte.

Mas os discípulos permanecem em silêncio: o evangelista confirma que nem das palavras e sinais de Jesus nasceu a sua fé... de facto Jesus, para os tornar finalmente crentes, retoma a sua pregação o anúncio do Evangelho que fez até à morte. Pede-lhes que recordem as palavras que lhes disse quando estava com eles, porque aquelas palavras eram profecia e palavra de Deus que deviam acontecer, tal como devia cumprir-se tudo aquilo que tinha sido escrito sobre Ele, o Messias, na Lei de Moisés, nos Profetas e nos Salmos. E eis que, enquanto o Ressuscitado recorda e explica a palavra de Deus contida nas Escrituras, opera o verdadeiro milagre: "Abriu-lhes então o entendimento (diénoixen autôn tòn noûn) para compreenderem as Escrituras”. O verbo utilizado (dianoígo) nos Evangelhos tem sempre um sentido terapêutico: designa a abertura das orelhas dos surdos, das bocas dos mudos (cf. Mc 7,34) e dos olhos dos cegos (cf. Lc 24,31). Aqui indica a operação feita pela força do Espírito Santo, a abertura da mente à compreensão das Escrituras. Os discípulos, assim "abertos", podem receber o mandato para o seu testemunho e a sua missão.  Compreenderam que o coração do Evangelho é a paixão, morte e ressurreição do Senhor e que este é o fundamento da fé cristã, do qual jorra o anúncio do perdão dos pecados, da misericórdia de Deus para todos os povos da terra: não só para o povo de Israel mas para todos...

Com tanto esforço Jesus tornou crentes aqueles discípulos que diminuíram de número durante a sua paixão, tornou-os testemunhos da sua morte e ressurreição, tornou-os capazes de compreender o que é o perdão dos pecados que eles devem anunciar, uma vez que foram os primeiros a receber o perdão do Ressuscitado. Existe um dito de um Padre do deserto que me parece adequar-se na perfeição a esta página do Evangelho: “Acreditar na Palavra do Senhor é muito mais difícil que acreditar nos milagres. Aquilo que se vê apenas com os olhos do corpo ilude; aquilo que se vê com os olhos da mente que crê, ilumina."