XXIX domingo do Tempo Comum
À distância de algumas décadas do tempo de Jesus, a comunidade conhece fenómenos de mundanidade da fé e de abandono (cf. Lc 8,13). Lucas adverte: abandonar a oração é a antecâmara para o abandono da fé. O passar do tempo é a grande prova da fé e da oração. A oração insistente faz da fé uma relação quotidiana com o Senhor. A fadiga de perseverar na oração é a fadiga de conceder tempo à oração, e o tempo é a substância da vida.
Rezar é dar a vida pelo Senhor. A oração comporta um confronto com a morte e, por isso, é muitas vezes difícil; rezando, não "fazemos" nada, não "produzimos", vemo-nos estéreis e ineficazes. Mas é esse o espaço e o tempo que predispomos para que o Senhor faça qualquer coisa de nós.
As palavras de Jesus encerram ainda um ensinamento sobre a dimensão escatológica da oração. À questão colocada pelos fariseus "Quando virá o Reino de Deus?" (Lc 17,20), Jesus respondeu com o que já havia dito no capítulo anterior(cf. Lc 17,21-37), mas que agora completa com uma contra-pergunta: “Mas, quando o Filho do Homem voltar, encontrará a fé sobre a terra?” (Lc 18,8).