XXIX Domingo do Tempo Comum
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Reflexões sobre as leituras
de LUCIANO MANICARDI
Na dialética de Jesus, entre César e Deus encontra-se a condição do crente que está no mundo mas não é do mundo, que habita a cidade secular mas espera o Reino de Deus, que vive a pólis mas tem a politeúma, a cidadania nos céus.
Domingo 16 Outubro 2011
Ano A
Is 45,1.4-6; Sal 95; 1Ts 1,1-5b; Mt 22,15-21
Os domínios de Deus estão no coração da primeira leitura e do Evangelho. Isaías apresenta uma página audaz de teologia da história em que se afirma que Ciro, Rei da Pérsia, logo pagão, foi designado por Deus como Messias, uma extensão da prerrogativa da dinastia Davídica, sem precedentes. A passagem profética sublinha a absoluta liberdade de Deus e a sua unicidade (“Eu é que sou o Senhor. Não há outro”: Is 45,6). O Evangelho mostra como é relativa a autoridade humana (também do Imperador, à época divinizado), diante de Deus. Se a autoridade oficial pode exigir taxas e tributos (cf. Rm 13,7), se à autoridade se deve respeito (cf. Rm 13,7), então o temor deve ser reservado a Deus (cf. 1Pe 2,17), criador e Senhor de cada Homem.
A resposta de Jesus à pergunta-armadilha colocada pelos seus adversários cobre duas possibilidades: evita a politização da imagem de Deus e põe-se à sacralização do poder político. Jesus distancia-se, por um lado, dos Zelotas que consideravam Deus como o "César" legítimo e por outro lado critica a sacralização do poder político desmistificando César. Em ambos os casos estamos diante de tentações idolátricas. No primeiro caso a tentação é de dar a Deus o que é de César (o Estado), caíndo numa posição religiosa totalitária e não dialógica que desrespeita a "laicidade" do Estado e do poder político; no segundo caso a tentação é de dar a César o que é de Deus absolutizando o poder político.
É interessante o comentário que a este respeito fez Søren Kierkegaard, sobre o tema da infinita indiferença de Jesus quando confrontado com César e da infinita diferença que Ele coloca entre Deus e César: "Oh infinita indiferença! Que César se chame Herodes ou Salmanassar, que seja romano ou japonês, isso pouco importa a Jesus. Mas, por outro lado, que abismo de infinita diferença Ele estabelece entre Deus e César”.
As palavras que Jesus responde são importantes, especialmente na segunda parte, quando acrescenta a afirmação– não necessária porque não pedida pela pergunta – do "dar a Deus o que é de Deus". Esta reinvindicação significa que se o Imperador exige para si o que cabe a Deus, como a adoração, o Cristão – atento ao "Importa mais obedecer a Deus do que aos homens" (At 5,29) – não precisa de o fazer, antes, pode mesmo encarar o martirio, mostrando que apenas Deus é o Senhor da sua vida.
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