XXIX Domingo do Tempo Comum
Tertuliano escreveu: “Quais serão as coisas de Deus que são semelhantes ao dinheiro de César? Refere-se à imagem e à semelhança com ele. Ele ordena de dar o homem ao criador de cuja imagem e semelhança tinha sido replicado" (Contro Marcione IV,38,1). Se o tema da imagem remete naturalmente para o homem criado por Deus e capax Dei, o tema da inscrição encontra-se em Isaías quando assinala a pertença do homem a Deus. Os convertidos à fé no Deus de Israel levarão na mão a inscrição "do Senhor" e dirão: "Pertenço ao Senhor" (Is 44,5). As palavras de Jesus levam cada crente a questionar-se: a quem pertenço? Quem é o meu Senhor?
Na dialética de Jesus, entre César e Deus, encontra-se a condição do crente que está no mundo mas não é do mundo (cf. Jo 17,11.16), que habita a cidade secular mas espera o Reino de Deus, que vive a pólis, mas tem a políteuma, a cidadania nos céus (cf. Fil 3,20). O cristão vive a fidelidade autêntica à terra e à pólis graças à sua reserva e espera escatológica.
Dar a Deus o que é de Deus deve ser entendido, também, como agir para que o mundo - saído das mãos de Deus e confiado aos homens - na sua organização e instituições, possa responder aos requisitos de justiça e direito próprios da praxis messiânica.
O que é de Deus é também o que é do Homem e no Homem: o Humano. E dar a Deus o que é Seu implica tornarmo-nos a sua própria humanidade, de humanizar o mundo e as suas relações.
LUCIANO MANICARDI
Comunidade de Bose
Eucaristia e Parola
Textos para as Celebrações Eucarísticas - Ano A
© 2010 Vita e Pensiero
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