Uma vida oferecida de livre vontade e por amor
A quinta feira santa não pode senão celebrar este evento que antecipa a Paixão de Jesús, a narração do seu êxodo deste mundo para o Pai. Mas a Igreja, significativamente, na liturgia de Quinta feira Santa, à tarde, mais do que recordar e viver o gesto do seu Senhor como em cada Eucaristia, vive e repete também, um outro gesto de Jesús: o do lava-pés. No quarto Evangelho é recordada "a última ceia de Jesús com os seus", aquela ceia em que foi revelado o traidor, anunciada a negação de Pedro e a fuga de todos os outros discípulos; aquela ceia vivida por ocasião da última Páscoa de Jesús em Jerusalém, antes da sua morte. Contudo, antes de descrever o significado do gesto do pão e do vinho, João descreve o gesto do lava-pés. Porquê esta outra "acção"?! João conhece o episódio da Eucaristia, a Igreja desde há decénios que celebra este sacramento. Porquê, então, a memória desta outra acção? Podemos crer que a escolha feita, neste quarto Evangelho, seja motivada pela urgência vivida pela Igreja no fim do século I: a celebração eucarística não pode ser um ritual desconexo de uma prática coerente, de agape, de amor e serviço aos irmãos, uma vez que é este mesmo o seu significado: dar a vida pelos irmãos!