II Domingo de Páscoa
There was a problem loading image 'images/stories/priore/evangelodelladomenica/thumbnails/thumb_Thomas_Duccio600.jpg'
There was a problem loading image 'images/stories/priore/evangelodelladomenica/thumbnails/thumb_Thomas_Duccio600.jpg'
Reflexões sobre as leituras
de LUCIANO MANICARDI
Em Comunidade experimenta-se a Ressurreição que faz cumprir a passagem do "Eu" ao "Nós"
domingo 15 Abril 2012
de LUCIANO MANICARDI
Ano B
At 4,32-35; Sal 117; 1Gv 5,1-6; Jo 20,19-31
No segundo Domingo de Páscoa, dito "Domingo de Tomé", as leituras apresentam a Comunidade Cristã como fruto do acontecimento Pascal, lugar de experiência da Ressurreição, espaço vivo pela fé no Ressuscitado. A Comunidade Cristã é o conjunto dos que acreditam: reunidos pela fé no Ressuscitado, testemunham-na: a comunhão material, a abulição do "Meu" que exclui, para o transformar em partilha que serve as necessidades de cada um, é o centro deste testemunho, reflexo direto do acontecimento Pascal (1ª leitura). Se a Ressurreição é a vitória de Cristo no mundo (Jo. 16,33), a fé do Cristão, imersa no combate espiritual contra os ídolos, pode participar dessa vitória (2ª leitura). A Páscoa de Cristo não cria apenas um espaço novo - a comunidade do crentes -, mas institui, também, um tempo novo, de memória da ressurreição, que é o Domingo (Evangelho). A passagem do Evangelho confirma a reunião semanal dos crentes ("oito dias depois"): o domingo é o tempo sacramental no qual o Ressuscitado encontra a sua comunidade reunida.
A apresentação do ressuscitado aos discípulos na tarde do dia de Páscoa provoca uma alteração nos discípulos: um grupo de homens com medo e vergado sobre si mesmo, que quase jaz num túmulo, num lugar fechado, simbolicamente assemelhável a um sepulcro, é renascido como comunidade capaz de testemunhar e anunciar. A passagem do medo à alegria significa que encontrar o ressuscitado é fazer uma experiência de ressurreição, em vida. O gesto de Jesus, cujo hálito os discípulos sentem, é o gesto da criação (cf. Gen 2,7; Sap 15,11), da passagem da morte à vida (cf. 1Re 7,21; Ez 37,9), das trevas à luz (cf. Tb 11,11). Encontrar o Ressuscitado significa, também, ser testemunha da Ressurreição: o dom do Espírito com o poder de redimir os pecados torna os discípulos participantes da vitória da vida sobre a morte, que é a Ressurreição. A remissão dos pecados é fruto e testemunho da Ressurreição. A Igreja testemunha a Ressurreição de Jesus anunciando e fazendo atuar entre os homens a remissão dos pecados.
A vida comunitária é, em si mesma, lugar de experiência Pascal. Tomé, ausente na primeira manifestação de Cristo (Jo 20,19-23) e presente na segunda (Jo 20,26-28), não tem necessidade de pôr a sua mão nas feridas de Jesus para ultrapasssar a sua incredulidade (Jo 20,24-25): o próprio fato de estar com os outros, em comunidade, altera a situação. Em Comunidade experimenta-se a Ressurreição que faz cumprir a passagem do "Eu" ao "Nós", num movimento que declina o "Eu", para fazer viver com e para os outros, de tal forma que os pecados de cada um são conhecidos, acolhidos e não julgados pelos outros. Tomé, que não acreditou no anúncio que o seus irmãos fizeram, foi acolhido – como incrédulo – no grupo dos discípulos reunidos, oito dias depois.
Se a comunidade é o lugar sacramental da presença do Ressuscitado, o mesmo acontece para as Escrituras. O crente encontra o corpo do Ressuscitado no corpo comunitário, no corpo das Escrituras e obviamente no corpo Eucarístico: o Evangelho, definido como "sinais escritos", é capaz de suscitar a fé que conduz à salvação, isto é, à comunhão de vida com o Senhor. É sacramento do poder de Deus (“o Evangelho é poder de Deus para a salvação de todo o crente,..."Rm 1,16); é poder revelado com a Ressurreição da morte de Jesus e que se manifesta, sempre renovado, na remissão dos pecados em nome de Jesus.
Comunidade e Escritura são também o que concretiza a ação do espírito - grande dom do Ressuscitado aos seus - ao mesmo tempo que são insufladas de vida. Comunidade e Escrituras interagem com o Espírito criando uma perichoresis, uma circulação, que é explicada com a Liturgia: nela o Espírito vivifica o grupo humano, tornando-o corpo de Cristo e ressuscita as páginas antigas das Escrituras tornando-as palavras vivas e atuais de Deus para com o seu povo.
LUCIANO MANICARDI
Comundade de Bose
Eucaristia e Parola
Textos para as Celebrações Eucarísticas - Ano B
© 2010 Vita e Pensiero