Maria, Mãe de Deus
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Reflexões sobre as leituras
de LUCIANO MANICARDI
Jesus recebe um nome próprio, é iniciado no caminho da liberdade, mas este nome, que contém o ser e o agir de Deus, expropria-O de si para fazê-lo sacramento de Deus.
1 Janeiro 2011
Reflexões sobre as leituras
de LUCIANO MANICARDI
CD com meditações
para o Natal
Ano B
Nm 6,22-27; Sal 66; Gal 4,4-7; Lc 2,16-21
Tema unificador das leituras deste dia, é o da presença de Deus. Presença que a benção sacerdotal (I leitura) identifica no povo; presença manifestada no vulto e no nome de Jesus (evangelho); presença que se manifesta no íntimo do crente graças à efusão do espírito e o orienta na filiação divina (II leitura). A maternidade de Maria é o acontecimento que permite manifestar-se aos homens a presença bendita de Deus.
Em particular, esta celebração sublinha a circuncisão e a imposição do nome de Jesus (cf. Lc 2,21). Quando Jesus nasce é acolhido por palavras e gestos da cultura e da fé do povo de Israel. Jesus entra no Tempo, mas um tempo medido e posto ao serviço de uma iniciação: oito dias depois de nascer, como prescreve o Levítico (cf. Lv 12,3), Jesus é cicunciso, conhece o gesto que simboliza a sua pertença ao povo da aliança e é-lhe dado o nome próprio que simboliza a sua vocação pessoalíssima, a sua inserção nas relações familiares e sociais.
Jesus recebe um nome que remete para o nome com que tinha sido chamado pelo anjo (cf. Lc 1,31). Isto é, Jesus entra na realidade e a realidade que o acolhe é simbólica, é tecida por fios que são gestos e palavras, leis e ritos, costumes e tradições que confirmam e fazem emergir a valência simbólica do mundo. Quer isto dizer que o mundo é mais do que o mundo, que o corpo é mais do que o corpo, que o mundo não está só, que o corpo não está só, que o homem não está só. Jesus entra no mundo e a rede de símbolos que o acolhe fá-lo sentir chamado, interpelado, imerso em relações, parte de... Também Jesus acede à palavra porque outros Lhe dirigiram a palavra; também Jesus conhece a iniciação à vida e às relações através da simbólica do real. Simbólica que em Lc 2,21 fala sobretudo da pertença: Jesus pertence ao Povo de Israel; Jesus pertence a uma família precisa; Jesus pertence a Deus. O seu nome é, de facto, o actuar da presença de Deus.
Daqui nasce uma questão: a quem pertencemos? Vale a pena reconhecer o mistério em que estamos envolvidos e em que somos acolhidos; vale a pena reconhecer o mistério do Outro; vale a pena estarmos atentos à presença divina que nos visita através de todas as criaturas. A pertença a Deus passa através das pertenças horizontais, familiares e comunitárias. pertenças que não são jugos, mas relações escolhidas livremente e construídas reponsavelmente dia após dia. A pertença a Deus, a fé, é autenticada ou desmentida pela qualidade das relações com os outros e com a comunidade. Aí podemos experimentar aquilo que Paulo disse dos Cristãos: “Vós sois de Cristo e Cristo é de Deus; vós pertenceis a Cristo” (cf. 1Cor 3,23).
O nome "Jesus" significa "O Senhor salva". A salvação que Deus dá aos homens não é uma acção extrínseca que Deus cumpre mas é o tornar-se de Deus, o assumir-se e fazer emergir em si a alteridade do homem. Deus salva o homem entrando na condição daquele que tem necessidade de ser salvo: assim, a salvação não é uma acção para o outro mas uma relação com o outro. A salvação, assim como o tornar-se de Deus, exprime o facto de esse ser o desejo de Deus: se o nome posto a um filho exprime o desejo dos pais, o nome de Jesus, indicado pelo anjo, exprime o desejo de Deus por toda a humanidade.
O texto sugere a ligação intrínseca entre liberdade e obediência, autoridade e submissão. Com autoridade os pais impôem o nome ao filho, com obediência transmitem-lhe o nome dado pelo anjo, significando que cada paternidade humana é sacramento da paternidade de Deus. Jesus recebe um nome próprio, é assim iniciado no caminho da liberdade, mas este nome, que contém o ser e o agir de Deus, expropria-O de si para fazê-lo sacramento de Deus. Deus de quem com soberania e autoridade provém o nome, revela-Se entregando o seu nome (e a missão que ele representa) a um outro: Jesus.
LUCIANO MANICARDI
Comunidade de Bose
Eucaristia e Parola
Textos para as Celebrações Eucarísticas - Ano B
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